LUZ

            Eu não conhecia a luz, pois as janelas de minha alma estavam fechadas! No entanto, chegou o dia em que meus olhos se abriram e avistei a primeira luz! Uma lamparina que iluminava os trabalhos de uma Parteira que amavelmente me ajudou a nascer, ingressando-me neste mundo desconhecido.
            Até então, faltavam-me lágrimas pela ausência de minha alma! Entretanto, ao abrir os olhos, as lágrimas molharam minha face e comecei a emitir sons estridentes, motivado pelo receio do desconhecido. Quanto mais eu chorava, mais eu sentia as mãos que me afagavam num carinho e amor que me transmitiam segurança e paz.
            O tempo transcorreu e fui conhecendo outros tipos de luzes artificiais, naturais e imaginárias como: o sol, a lua e a luz da alma que espiritualmente me fortaleceu no desvendar das incertezas ao caminhar. Mas, a cada passo de minha vida sob as luzes que descortinavam tudo aquilo que concretamente existia, senti a necessidade de conhecer o abstrato para entender o concreto.
            Para entender o que eu visualizava, ingressei-me na fonte de todas as energias: a escola, onde aprendi a ler e a escrever. Assim, desenvolvi o meu intelecto dentro das principais matérias como: Arte, Música, Educação Física, Língua Portuguesa, Matemática, Física, Biologia, Química, Geografia, História, Literatura, Filosofia, Psicologia, Sociologia, Didática Geral, que foram aprimorando com as teses teóricas as abstrações de tudo aquilo que fui adquirindo na prática.
No entanto, já havia desenvolvido peripécias e dramatizações de meus sentimentos: a Arte; percebendo os sons emitidos por minhas cordas vocais, harmonicamente musicados: a Música; engatinhando e andando, iniciei uma série de exercícios: a Educação Física; desenvolvendo minha oralidade e aprimorando o meu idioma: a Língua Portuguesa; começando a contar os dedos iniciei ciências exatas: a Matemática; sentindo as quedas, indignando-me com a lentidão ou assustando-me com a rapidez e notando o espaço que ocupo: a Física; desenvolvendo minhas necessidades fisiológicas e conhecendo minha anatomia: a Biologia; sentindo calor ou frio, percebendo o líquido e o sólido: a Química; localizando-me no ambiente em que vivo: a Geografia; ouvindo os mais velhos com seus contos de fada e textos localizados dentro de suas épocas: a História; conhecendo as formas usadas ao expressar meus sentimentos dentro da época e da origem de minha geração: a Literatura; criando e desenvolvendo frases interessantes e harmoniosas no conhecimento da realidade: a Filosofia; usando subterfúgios na aquisição daquilo que desejava: a Psicologia; equilibrando meu  relacionamento com todos que participavam de meu desenvolvimento: a Sociologia; aprimorando todas as minhas ações: a Didática Geral.
            Não satisfeito com todas estas luzes relatadas, procurei a mais importante de todas! A que deu origem a todos os segmentos de minha existência, o mais importante dos livros: a Bíblia Sagrada. Esta sim, me deslumbrou com a criação de todas as coisas por Deus. Todavia, desenvolveu em mim o desejo de também participar da criação, passando de criatura a criador, produzindo algo que possa ser útil para o futuro. Não a lamparina, mas a aura da humanidade.
“Eu não ensino a ninguém, mas esforço-me, ajudando a alguém a aprender.”
                                                                                                              Roberto Jardim

                                                                                                                                        08/10/04