Pascoal, o Cacófato.
A cacofonia é o encontro de palavras ou sílabas que
soam desagradavelmente aos nossos tímpanos que são membranas delgadas,
transparentes, elásticas, que separa o ouvido externo do ouvido médio, e que
funciona como caixa de ressonância, adaptando-se às intensidades acústicas
graças a músculos tensores. Às vezes,
nos recolhemos à solidão para evitarmos os cacófatos que nos perturbam com
dissonâncias, dificultando o entendimento de um diálogo.
Na oração que é formada o conjunto das
palavras que expressam o pensamento completo numa eloqüência, pode conturbar se
proferirmos os advérbios, os artigos ou pronomes seqüencialmente errados dentro
de uma sentença, deformando o projeto instituído na observação da união dos
seres, levando-os aos desencontros e a repugnar o caminhar junto ao
entendimento.
A palavra “moela” é a denominação do segundo estômago das aves que, sobretudo
nas granívoras, apresenta paredes musculares grossas e rígidas. Esta palavra pode ser entendida, dependendo
das articulações sonoras ao pronunciarmos em uma frase como cacófatos, usando o
pronome em lugar indevido, transtornando e conturbando o entendimento da
oração.
Exemplificando este cacófato: preciso encontrar outra
funcionária como a última que se demitiu; ou erroneamente sonorizamos a mesma
frase como: preciso encontra outra funcionária “como ela”; fazendo-nos entender que a funcionária procurada
necessita possuir “moela”; pois o
som captado em nossa audição refere-se “com
moela”. (Problemas no uso do
advérbio e da preposição com o pronome).
Outro exemplo é a omissão do artigo e o uso indevido do pronome: “Eu a amo” e não “Eu amo ela”, “Eu a vi” e
não “Eu vi ela”. Havia um dente quebrado na boca daquela
menina e não “havia um dente quebrado na
boca dela” (sonorizando a boca de um animal).
A pressa atual na correria do cotidiano e a síndrome
do pensamento acelerado desenvolvido no decorrer da existência; leva-nos a
sincopar as palavras ou sentenças escritas e faladas, transtornando a realidade
dos entendimentos interpretativos da real situação, causando desagradáveis
desencontros dos pensamentos que poderiam construir um porvir em sons
perceptíveis pela audição.
Somos o único animal racional capaz de dinamizar os
códigos da comunicação em inúmeros sentidos perceptíveis, mas a fala é a mais
importante de todas as técnicas dos relacionamentos, portanto, necessitamos sincronizar
a fala com a escrita de tal modo que nunca venha deturpar nossos pensamentos
interpretativos destes.
Roberto Jardim
20/03/2006
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